Visualizações de página do mês passado

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Nádegas

Nádegas
Por que gostar tanto?
Como que fitar o nada
Distraído e tonto

Que do corpo mais me chama
As belas ancas Infladas
Me crispa em chamas
Minhas órbitas estagnadas

Perdido em meio a teus vales
Na dança de teus passos
Antecedo o momento que em minha mão resvale
Deleitando-me de todos os traços

Então de vez sucumbo escasso
Com as sementes todas entre os dedos e vazam da mão
Não plantadas, fadadas ao fracasso
No ápice de sua ruina direto ao chão

                                          Erick Silva

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Diálogo

Erick Silva

Mas você também sabe o que penso
mesmo assim é rijo e tenso
o momento da conversa sensata
dilui-se como aluvião em correnteza à cascata
não quero mais ter momentos ruins
apenas que você entenda meus afins
Não quero mais julgamentos precipitados
nem que fiquemos apartados
como já proposto através de votos
aos quais devemos ser devotos
que estejamos em plena comunhão
no romance de nossa união
para que feliz e duradouro seja
não breve como algo que se despeja

Então minha bela amada
me dá teu apoio, não seja mimada
lute comigo, pega teu escudo e espada
e vaguemos juntos por toda a madrugada
Onde seremos plenamente
felizes eternamente.

My Love Is Like A Red Red Rose

0, my luve is like a red, red rose,
that's newly sprung in June.
0, my love is like a melodie,
that's sweetly play'd in tune.
As fair thou art, my bonnie lass,
so deep in luve am I,
And I will luve thee still, my dear,
till a' the seas gang dry.
Till a' the seas gang dry, my dear,
and the rocks melt wi' the sun!
And I will luve thee still, my dear,
while the sands of life shall run.
And fare the weel, my only luve!
And fare the well awhile!
And I will come again, my love.
Tho it were ten thousand mile!


Uma rosa vermelha, vermelha

O meu Amor é como uma rosa vermelha, vermelha
Ele é realsado em junho:
O meu Amor é como a melodia,
Ele é docemente tocado em sintonia.

Como tu és justa, minha moça bonita,
Tão profundo no amor eu sou;
E eu vou te amar ainda, minha cara,
Até que muitos mares se sequem.

Até uma seca de muitos mares, minha cara,
E as rochas derreterem com o sol;
E eu vou te amar ainda, minha cara,
Enquanto as areias da vida passarem.

E farei de ti meu único amor!
E farei de ti o meu tempo!
E eu virei outra vez, meu Amor,
Além de 10.000 milhas!


Robert Burns também conhecido como Rabbie Burns foi um poeta Escocês (Alloway Ayrshire, 25 de Janeiro de 1759 - Dumfries, 21 de Julho de 1796). Burns escreveu poemas que prefiguram o romantismo e comédia. Cheias de simplicidade e espontaneidade, as poesias escritas em escocês tinham como tema sua aldeia, a natureza e seus amores.


sexta-feira, 17 de agosto de 2012

As Ondas

Olavo Bilac

Entre as trêmulas mornas ardentias,
A noite no alto-mar anima as ondas.
Sobem das fundas úmidas Golcondas,
Pérolas vivas, as nereidas frias:

Entrelaçam-se, correm fugidias,
Voltam, cruzando-se; e, em lascivas rondas,
Vestem as formas alvas e redondas
De algas roxas e glaucas pedrarias.

Coxas de vago ônix, ventres polidos
De alabastro, quadris de argêntea espuma,
Seios de dúbia opala ardem na treva;

E bocas verdes, cheias de gemidos,
Que o fósforo incendeia e o âmbar perfuma,
Soluçam beijos vãos que o vento leva...

domingo, 12 de agosto de 2012

The Moment

                                                             Margaret Atwood


The moment when, after many years
of hard work and a long voyage
you stand in the centre of your room,
house, half-acre, square mile, island, country,
knowing at last how you got there,
and say, I own this,

is the same moment when the trees unloose
their soft arms from around you,
the birds take back their language,
the cliffs fissure and collapse,
the air moves back from you like a wave
and you can’t breathe.

No, they whisper. You own nothing.
You were a visitor, time after time
climbing the hill, planting the flag, proclaiming.
We never belonged to you. 
You never found us.
It was always the other way round.


O Momento

O momento quando, após muitos anos
de trabalho duro e uma longa travessia
te encontras no centro do teu quarto,
casa, meio acre, milha quadrada, ilha, país
sabendo por fim como lá chegaste,
e dizes, eu possuo isto,

é o mesmo momento em que as árvores desatam
os seus macios braços em teu redor,
as aves retiram a sua língua,
as falésias fissuram e colapsam,
o ar vem devolvido de ti como uma onda
e tu não consegues respirar.

Não, murmuram eles. Tu não possuis nada.
Tu foste um visitante, uma e outra vez
subindo a colina, cravando a bandeira, proclamando.
Nós nunca te pertencemos.
Tu nunca nos encontraste.
Foi sempre o contrário.

sábado, 11 de agosto de 2012

A Dream Within A Dream

Take this kiss upon the brow!
And, in parting from you now,
Thus much let me avow-
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away
In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.

I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand-
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep- while I weep!
O God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
O God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?

Edgar Allan Poe



Um sonho num sonho

Este beijo em tua fronte deponho!
Vou partir. E bem pode, quem parte,
francamente aqui vir confessar-te
que bastante razão tinhas, quando
comparaste meus dias a um sonho.
Se a esperança se vai, esvoaçando,
que me importa se é noite ou se é dia...
ente real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria.
O que vejo, o que sou e suponho
não é mais do que um sonho num sonho.

Fico em meio ao clamor, que se alteia
de uma praia, que a vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura
com bem força, que é de ouro essa areia.
São tão poucos! Mas, fogem-me, pelos
dedos, para a profunda água escura.
Os meus olhos se inundam de pranto.
Oh! meu Deus! E não posso retê-los,
se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar
um ao menos da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho
será apenas um sonho num sonho?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

UM LEMA

YURI HÍCARO


Vamos,
       qual a sua posição?
Reflita,
conjugue o verbo,
aperte o botão...

A minha?
        Legaliza a opção
na democracia,
sem intervenção da polícia,
e toda liberdade de expressão!

A minha,
        quebra barreiras
        e tabus...
Todo dia,
        tolerando hipocresia
dentro de casa e na padaria;

o álcool sobra, o álcool mata!

A minha?
         É contra
         toda forma de tirania
e a programada alienação pela
mídia, da nossa burguesia...

E você?
        Pense, reflita...

Não temos educação,
o trabalho custa caro;
e de quebra,
por causa de um mero baseado,
polícia prende estudante universitário...

A minha,
       é a vanguarda
       sob o tradicional,
o novo,
       beijando a face
       da impermanência universal!


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Indústria do medo

Erick Silva

Eu sou o indivíduo, aquele que chora
de que se explora
Eu sou o indivíduo, padrão...
todo o povão
Eu sou o indivíduo da moral
que te julga marginal
Eu sou o indivíduo que acompanha
com ar fúnebre que me ganha
A política tradicional
alienando a massa em campanha

sábado, 4 de agosto de 2012

Laço de Fita

Castro Alves

Não sabes crianças? 'Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me

Num laço de fita.

Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se

O laço de fita.

Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro

Num laço de fita.

E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh'alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,

Ó laço de fita!

Meu Deus! As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas

Um laço de fita.

Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...

Teu laço de fita.

Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N'alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso

No laço de fita.

Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...

Teu laço de fita.

Aprendendo o ABC


Assim teria sido se tivesse acontecido?
O sangue escorrendo num corte do vidro?
A enganosa mancha da mudança
Falsa esperança
Que o corte sarará e a paz reinará
No vidro estilhaçado
Teu sangue impresso,
Marcado.
A dor lancinante que não prova seu valor
De muitos cortes que o rubro sangue não mostra sua cor
Entrecortada na paisagem a cada esquina
É pena ver tantos! Presos com a mesma sina.
E o diabo louco que vos pôs a cortar
Continua solto rindo em seu altar
E assim o vidro que no começo manchou o chão de sangue
Continua a cortar.