Meus olhos já negros, profundos. Órbitas ocas, buracos imundos. Já foram algo belo além das cavidades que hoje são, um belo castanho que olhava com desdém e depreciação. Certas vezes cheios de malícia, com um brilho indistinto, ganho da erva, hortaliça. Certas vezes, ah! E foram quantas vezes? As que chorei, as que menti para que apenas um beijo doce pudesse ganhar de ti? E hoje depois da necrosa, da terra e do verme tenho a face lisa e fabulosa, branca e com um intérmino sorriso de dentes amarelos que já não mais preciso. Mitiguei as dores do mundo, todas dentro de mim por um único segundo, antes que a eterna noite caísse, e quando a verdade de tudo a mim veio, antes que saísse, a eterna noite sobre mim abriu teu seio para que a verdade se omitisse.
Erick Silva.