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domingo, 24 de novembro de 2013

Oleiro

Quando és tu escravo de si mesmo e como vaso esmo, jogado ao chão em migalhas fadado, então, as falhas! É que num sóbrio delírio de equilibrar-se, teu ébrio destino viera a conspurcar-te, e uma magoa cinzenta afaga teu coração, uma nodoa que afugenta e apaga teu quinhão. Queria lavar-te a alma, que tremia, afagar-te com toda calma e sentir-te! Se sois vós entre cacos o barro, pois, no ventre das mão entre os nós te agarro e de caco em caco te construo em novo jarro!

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Amigo do tempo

Tempo, faço um acordo contigo, e antes que me leve embora, torna-se tu meu abrigo? Serei de ti escravo fiel, tanto que me adocem a boca ou que me arda em fel. Prometo lhe deixar para trás o que por ti foi tomado e esperar o porvir que por ti é guardado. Lhe peço na angustia: se passe como vento e na alegria como infindo momento. Vos guardarei em memoria uma linha da história de vida que fizeste minha. Que o momento de agora tu leves embora para que amanhã quando a noite der hora, meu doce momento tarde a passar venerando uma flor ao luar. Tempo, tempo, tempo, sê-de contudo ainda promiscuo, vos mistura a imensidão do vácuo e quanto mais me agarro a ti mais me vejo que parto e mesmo de tua usura estando farto eis a proposta que faço a ti: contenta-me enquanto aqui e quando vier meu suspiro apagar irei contigo sem nada reclamar.

Erick Silva