Meus olhos já negros, profundos. Órbitas ocas, buracos imundos. Já foram algo belo além das cavidades que hoje são, um belo castanho que olhava com desdém e depreciação. Certas vezes cheios de malícia, com um brilho indistinto, ganho da erva, hortaliça. Certas vezes, ah! E foram quantas vezes? As que chorei, as que menti para que apenas um beijo doce pudesse ganhar de ti? E hoje depois da necrosa, da terra e do verme tenho a face lisa e fabulosa, branca e com um intérmino sorriso de dentes amarelos que já não mais preciso. Mitiguei as dores do mundo, todas dentro de mim por um único segundo, antes que a eterna noite caísse, e quando a verdade de tudo a mim veio, antes que saísse, a eterna noite sobre mim abriu teu seio para que a verdade se omitisse.
Erick Silva.
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segunda-feira, 31 de dezembro de 2012
sábado, 17 de novembro de 2012
Chanson de la Plus Haute Tour
Oisive jeunesse
À tout asservie;
Par délicatesse
J' ai perdu ma vie.
Ah! Que le temps vienne
Où les coeurs s' éprennent.
Je me suis dit: laisse,
Et qu' on ne te voi:
Et sans la promesse
De plus hautes joies.
Que rien ne t' arrête
Auguste retraite.
J' ai tant fait patience
Qu' a jamais j' oublie;
Craintes et souffrances
Aux cieux sont parties.
Et la soif malsaine
Obscurcit mes veines.
Ainsi la Prairie
À l' oubli livrée,
Grandie, et fleurie
D' encens et d' ivraies
Au bourdon farouche
De cent sales mouches.
Ah! Mille veuvages
De la si pauvre âme
Qui n' a que l' image
De la Notre-Dame!
Est-ce que l' on prie
La Vierge Marie?
Oisive jeunesse
À tout asservie
Par délicatesse
J'ai perdu ma vie.
Ah! Que le temps vienne
Où les coeurs s' éprennent!
Canção da Torre Mais Alta
Ociosa juventude
De tudo pervertida
Por minha virtude
Eu perdi a vida.
Ah!Que venha a hora
Que as almas enamora.
Eu disse a mim: cessa,
Que eu não te veja:
Nenhuma promessa
De rara beleza.
E vá sem martírio
Ao doce exílio.
Foi tão longa a espera
Que eu não olvido.
O terror, fera,
Aos céus dedico.
E uma sede estranha
Corrói-me as entranhas.
Assim os Prados
Vastos, floridos
De mirra e nardo
Vão esquecidos
Na viagem tosca
De cem feias moscas.
Ah! A viuvagem
Sem quem as ame
Só têm a imagem
Da Notre-Dame!
Será a prece pia
À Virgem Maria?
Ociosa juventude
De tudo pervertida
Por minha virtude
Eu perdi a vida. Ah!
Que venha a hora
Que as almas enamora!
ARTHUR RIMBAUD
À tout asservie;
Par délicatesse
J' ai perdu ma vie.
Ah! Que le temps vienne
Où les coeurs s' éprennent.
Je me suis dit: laisse,
Et qu' on ne te voi:
Et sans la promesse
De plus hautes joies.
Que rien ne t' arrête
Auguste retraite.
J' ai tant fait patience
Qu' a jamais j' oublie;
Craintes et souffrances
Aux cieux sont parties.
Et la soif malsaine
Obscurcit mes veines.
Ainsi la Prairie
À l' oubli livrée,
Grandie, et fleurie
D' encens et d' ivraies
Au bourdon farouche
De cent sales mouches.
Ah! Mille veuvages
De la si pauvre âme
Qui n' a que l' image
De la Notre-Dame!
Est-ce que l' on prie
La Vierge Marie?
Oisive jeunesse
À tout asservie
Par délicatesse
J'ai perdu ma vie.
Ah! Que le temps vienne
Où les coeurs s' éprennent!
Canção da Torre Mais Alta
Ociosa juventude
De tudo pervertida
Por minha virtude
Eu perdi a vida.
Ah!Que venha a hora
Que as almas enamora.
Eu disse a mim: cessa,
Que eu não te veja:
Nenhuma promessa
De rara beleza.
E vá sem martírio
Ao doce exílio.
Foi tão longa a espera
Que eu não olvido.
O terror, fera,
Aos céus dedico.
E uma sede estranha
Corrói-me as entranhas.
Assim os Prados
Vastos, floridos
De mirra e nardo
Vão esquecidos
Na viagem tosca
De cem feias moscas.
Ah! A viuvagem
Sem quem as ame
Só têm a imagem
Da Notre-Dame!
Será a prece pia
À Virgem Maria?
Ociosa juventude
De tudo pervertida
Por minha virtude
Eu perdi a vida. Ah!
Que venha a hora
Que as almas enamora!
ARTHUR RIMBAUD
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Primeira carta ao domador do tempo
Jaz aqui o tempo de outrora
Esse momento, já não é mais agora
Fica suspenso no ponteiro dos segundos
No fugaz suspiro de um instante mudo
Eu sou o ontem, e hoje sendo,
Mas amanhã serei?
Que provas terei?
Chronos continua ainda me vencendo
Puseram na lápide de meu jazigo
Sentimentos que o hoje não me permite ter
Mas antes no momento que pude nada primei ser
E em meu póstumo momento divido contigo
Antes que o sono fúnebre venha te abraçar
No ponteiro dos segundos balance-se
Disse um profeta que para tudo há um tempo
Mas com isso só não me contento
Estando aqui a questão
Então porque não?
Nem é tão difícil de resolver
Para cada momento basta querer
Erick Silva.
Dedico essa poesia a amiga Rafaella Pereira da cidade de Portalegre-RN que logo mais no dia 15 de novembro estará completando 20 aninhos. Que você ganhe mais sabedoria nesse novo ano que você agora tem pela frente, e seja sempre assim, simpática, alegre e extrovertida. Um beijão!
Esse momento, já não é mais agora
Fica suspenso no ponteiro dos segundos
No fugaz suspiro de um instante mudo
Eu sou o ontem, e hoje sendo,
Mas amanhã serei?
Que provas terei?
Chronos continua ainda me vencendo
Puseram na lápide de meu jazigo
Sentimentos que o hoje não me permite ter
Mas antes no momento que pude nada primei ser
E em meu póstumo momento divido contigo
Antes que o sono fúnebre venha te abraçar
No ponteiro dos segundos balance-se
Disse um profeta que para tudo há um tempo
Mas com isso só não me contento
Estando aqui a questão
Então porque não?
Nem é tão difícil de resolver
Para cada momento basta querer
Erick Silva.
Dedico essa poesia a amiga Rafaella Pereira da cidade de Portalegre-RN que logo mais no dia 15 de novembro estará completando 20 aninhos. Que você ganhe mais sabedoria nesse novo ano que você agora tem pela frente, e seja sempre assim, simpática, alegre e extrovertida. Um beijão!
quinta-feira, 8 de novembro de 2012
Soá Como Adeus
Hoje eu matei o amor, arranquei as pétalas da flor e o colibri jamais virá seu néctar beber novamente, eu destruí a semente, as possibilidades de uma nova realidade, uma nova identidade. Agora a lama está sujando minhas botas, minhas calças, minhas mãos. Sangue é lágrima, lágrima é dor, dor do sentimento que acompanha cada batimento do sagrado coração, do apaixonado, agora dilacerado, por palavras destruído, agora entregue ao ruido dos pensamentos do passado. Hoje eu matei o amor, amor que devia ser amado.
Erick Silva.
domingo, 4 de novembro de 2012
Ser diferente
Ser diferente é triste, é ser
sozinho, é ser um estranho no ninho, os gametas que me formaram foram
fragmentos de estrelas perdidas que vagam infinitamente no espaço atravessando
ignorância, aversão, violência, credo, corrupção. E no ápice de tudo isso como
uma masturbação cujo gozo transcendente é como que regurgitar de volta tudo
aquilo que me foi mostrado. De forma febril toda essa angustia que se vê
claramente circulando cegos pelas avenidas, ver como se sentem grandes quando
não passam de formigas e não se reconhecem nem mesmo em frente ao espelho que a
alma lhes impõe, é triste ser diferente, é ser sozinho, é como ser um estranho
no ninho. Passar pelo grande poço de desejos e dele não se deliciar é ser
hipócrita, mas deixa-lo se apossar de minha alma é ser tolo, ser corrompido
pela lascívia de poucos devaneios que entorpecem a percepção de desgraça que
corrompe os corações e viver um reflexo de uma pintura inconsistente que muda
sua forma por conveniências unilaterais. Ser diferente é triste, é ser sozinho,
é ser um estranho no ninho, é como ser um menino ou um velhinho onde o ser é
não ser, pois o ser já não vive, convive com a torpe trupe de patetas engomados
enquadrados. Que ‘deus’ os abençoe. Por que para mim, ser diferente é triste, é
ser sozinho, é ser um estranho no ninho.
Erick Silva
Erick Silva
Lamentos da Alma
Nada estava perfeito, nem mesmo
as estrelas sustentadas pelas plumas dos querubins, nem mesmo a lua cintilante
que resplandecia por sobre o monte, nada estava no lugar, nem deveria estar...
Sob meus pés as folhas secas estalavam ruidosamente enquanto meu corpo
principia a queda. As lágrimas; o grito; A saudade: do abraço, do beijo. Já
louco de desejo. Nunca meus demônios pareceram tão gentis, tão afáveis, tão
febris que meu amargo virou doce e de minha boca todas as belas e pequenas aves
vinham beber... Meu peito inflado fulgurava um coração cheio de brilho que
batia desequilibrado: um relógio, um pêndulo descompassado. O farfalhar de meus
pensamentos, sensíveis, doídos, psicodélicos giravam em torno de mim tão
claramente que eu podia vê-los falar comigo num turbilhão de lamentos
descontentes, muitas aves com seu bico ainda melado da seiva doce que lhes dei
tentavam me salvar, o que elas não sabiam é que era ali que eu queria estar, a borda do abismo suplica minha companhia, e ele deseja que conversemos, eu o
ofereço minhas dores, e ele a mim sua profundidade... Para que não me perca no
desejo de cair, nessa conversa me preservo, e dele escondo os desejos de meu
coração, me afasto e olho novamente as estrelas, percebo mais uma vez que nada
está perfeito, nem deveria estar, não se eu não te encontrar.
Erick Silva
Erick Silva
domingo, 14 de outubro de 2012
O cavalo morto
Cecília Meireles
Vi a névoa da madrugada
deslizar seus gestos de prata,
mover densidades de opala
naquele pórtico de sono.
Na fronteira havia um cavalo morto.
Grãos de cristal rolavam pelo
seu flanco nítido; e algum vento
torcia-lhes as crinas, pequeno,
leve arabesco, triste adorno,
- e movia a cauda ao cavalo morto.
As estrelas ainda viviam
e ainda não eram nascidas
ah ! as flores daquele dia ...
- mas era um canteiro o seu corpo:
um jardim de lírios, o cavalo morto.
Muitos viajantes contemplaram
a fluida música, a orvalhada
das grandes moscas de esmeralda
chegando em rumoroso jorro.
Adernava triste, o cavalo morto.
E viam-se uns cavalos vivos,
altos como esbeltos navios,
galopando nos ares finos,
com felizes perfis de sonho.
Branco e verde via-se o cavalo morto,
no campo enorme e sem recurso,
- e devagar girava o mundo
entre as suas pestanas, turvo
como em luas de espelho roxo.
Dava sol nos dentes do cavalo morto.
Mas todos tinham muita pressa,
e não sentiram como a terra
procurava, de légua em légua,
o ágil, o imenso, o etéreo sopro
que faltava àquele arcabouço.
Tão pesado, o peito do cavalo morto !
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
A primeira carta ao desatento
Estou na mira do veneno do escorpião
estou cativo em minha eterna prisão
onde minha vaga aura só vai ao púrpura
e a inocência de meu amor já não é tão pura
estou sob a mira da faca ensanguentada
cujo brilho estupra minhas pupilas dilatadas
agora minha idéia é podada e vaga
vaga solta, mas não livre pelo céu da plaga
estou encoberto pelas mãos do gigante
que insiste tentar a minha idéia fanar
em sua visão sebosa, um grande arrogante
em tempos adentra meu templo a profanar
com seus estúpidos insultos, gritantes
e por sua causa minha idéia nunca devo abandonar
Erick Silva
estou cativo em minha eterna prisão
onde minha vaga aura só vai ao púrpura
e a inocência de meu amor já não é tão pura
estou sob a mira da faca ensanguentada
cujo brilho estupra minhas pupilas dilatadas
agora minha idéia é podada e vaga
vaga solta, mas não livre pelo céu da plaga
estou encoberto pelas mãos do gigante
que insiste tentar a minha idéia fanar
em sua visão sebosa, um grande arrogante
em tempos adentra meu templo a profanar
com seus estúpidos insultos, gritantes
e por sua causa minha idéia nunca devo abandonar
Erick Silva
sábado, 6 de outubro de 2012
Noite de aventura
Somos 5 no preto
Rodando pelas ruas,
Da cidade sem nome
Somos 5 no preto
E agora a aventura,
Nos consome
Um na vermelha veio nos afrontar
Ora pois, tivemos que parar
Foi quando com um simples torção
O amigo amarelo tomou conta da situação
Agora a noite nos fornece seu mais célebre momento
Onde a coisa rola solta para a mão do sedento
E nesse momento pensando no passado,
que foi divertido e complicado, vejo um monte de cores,
se unindo e se dando bem
e se alguém que nos vê pensar errado
não são cores, são formas, algumas da noite também...
Erick Silva
Rodando pelas ruas,
Da cidade sem nome
Somos 5 no preto
E agora a aventura,
Nos consome
Um na vermelha veio nos afrontar
Ora pois, tivemos que parar
Foi quando com um simples torção
O amigo amarelo tomou conta da situação
Agora a noite nos fornece seu mais célebre momento
Onde a coisa rola solta para a mão do sedento
E nesse momento pensando no passado,
que foi divertido e complicado, vejo um monte de cores,
se unindo e se dando bem
e se alguém que nos vê pensar errado
não são cores, são formas, algumas da noite também...
Erick Silva
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
A Phoenix do vale
A Phoenix do vale
O que carrego em alta estima foi transformado em cinzas
As chamas desfiguram as linhas definidas quando crepitam
Queimam e ardem com o impacto de palavras concisas
Sobre cada lamento de vida as línguas de fogo se precipitam
Nada sobra por onde passa o senhor das chamas ardendo
Nem mesmo meus mais íntimos segredos lhe escapam
Meus pássaros que voavam em meio ar foram aos poucos
descendo
De suas penas nada restou e seus cantos melodiosos cessaram
E depois do fogo passado as cinzas dançam ao sabor do vento
E um silvo louco ecoa persistente declamando lamentos
Durante a tarde purpura cheia de carvão espalhado no chão
Agora é hora de sair do punhado de cinzas contido na grade
mão
É hora de bater as asas de volta rumo ao céu noturno
E romper o silencio imposto pelas sombras do vale taciturno
Erick Silva
sexta-feira, 21 de setembro de 2012
De um passado
E teu eu a minha vida, e você a tua,
Éramos dois vivendo um tudo ou nada,
à sombra do que nos mata,
E à sorte do que nos cura.
A felicidade nos acompanhava
Mas também havia a noite escura.
Era eu, era você, éramos dois.
Separados pela vida que nos guia,
Repartidos sem saber bem que depois
De um hoje sempre existe um novo dia,
E que diferentemente do que foi
Tão igual o reencontro nos unia.
Não havia razão pra te ter do lado
Mas havia um sentimento adormecido,
Motivado por lembranças do passado,
Por saber que já me tinha pertencido,
Me fez ver que não queria separado
Um nós dois que ao amor se fez sentido.
E então o que passou se fez presente,
Atormentando um sentimento que nos deixa,
Nos permite ser igual e diferente,
Bem melhor e bem pior do que se aceita,
Alimentando uma paixão inconseqüente
De uma visão irracional que não se queixa.
Não há mais o que pensar, não dá pra ver,
O que nos espera o amanhã, se há um nós,
Se o presente já nos fará perceber
Que o passado quis que ficássemos sós,
Ou se brincando o destino faz saber
Que o futuro unirá nossos lençóis.
Talita Maciel
sábado, 15 de setembro de 2012
A Orquídea negra
Quero ver o sangue escorrer pelo ódio de delírio vindo do imperfeito amor
quero ver na rubra cor o lamento das pobres almas inocentes e clamor
quero ver verter gota a gota nas lágrimas de uma garota rouca
quero ver os gritos e lamúrias aos soluços nascerem em sua boca
Cada fio do seu cabelo negro descontente
pela caça abatida na calçada. entrementes
tudo ao seu redor torna-se vermelho para sempre
suas mãos trêmulas seguram a pendente
Seus lamentos não encontram o céu
foi quando parou e pôs sobre sua face o vel
em sua boca agora amarga com sabor de fel
todos os seus beijos, suas carícias, seu amor
agora se agregam num incrível torpor
Num céu sem deus, sem fim, sem cor
Erick Silva
quero ver na rubra cor o lamento das pobres almas inocentes e clamor
quero ver verter gota a gota nas lágrimas de uma garota rouca
quero ver os gritos e lamúrias aos soluços nascerem em sua boca
Cada fio do seu cabelo negro descontente
pela caça abatida na calçada. entrementes
tudo ao seu redor torna-se vermelho para sempre
suas mãos trêmulas seguram a pendente
Seus lamentos não encontram o céu
foi quando parou e pôs sobre sua face o vel
em sua boca agora amarga com sabor de fel
todos os seus beijos, suas carícias, seu amor
agora se agregam num incrível torpor
Num céu sem deus, sem fim, sem cor
Erick Silva
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
VERBO SER
Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
Carlos Drummond de Andrade
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?
É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
Carlos Drummond de Andrade
terça-feira, 28 de agosto de 2012
Nádegas
Nádegas
Por que gostar tanto?
Como que fitar o nada
Distraído e tonto
Que do corpo mais me chama
As belas ancas Infladas
Me crispa em chamas
Minhas órbitas estagnadas
Perdido em meio a teus vales
Na dança de teus passos
Antecedo o momento que em minha mão resvale
Deleitando-me de todos os traços
Então de vez sucumbo escasso
Com as sementes todas entre os dedos e vazam da mão
Não plantadas, fadadas ao fracasso
No ápice de sua ruina direto ao chão
Erick Silva
Por que gostar tanto?
Como que fitar o nada
Distraído e tonto
Que do corpo mais me chama
As belas ancas Infladas
Me crispa em chamas
Minhas órbitas estagnadas
Perdido em meio a teus vales
Na dança de teus passos
Antecedo o momento que em minha mão resvale
Deleitando-me de todos os traços
Então de vez sucumbo escasso
Com as sementes todas entre os dedos e vazam da mão
Não plantadas, fadadas ao fracasso
No ápice de sua ruina direto ao chão
Erick Silva
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
Diálogo
Erick Silva
Mas você também sabe o que penso
mesmo assim é rijo e tenso
o momento da conversa sensata
dilui-se como aluvião em correnteza à cascata
não quero mais ter momentos ruins
apenas que você entenda meus afins
Não quero mais julgamentos precipitados
nem que fiquemos apartados
como já proposto através de votos
aos quais devemos ser devotos
que estejamos em plena comunhão
no romance de nossa união
para que feliz e duradouro seja
não breve como algo que se despeja
Então minha bela amada
me dá teu apoio, não seja mimada
lute comigo, pega teu escudo e espada
e vaguemos juntos por toda a madrugada
Onde seremos plenamente
felizes eternamente.
mesmo assim é rijo e tenso
o momento da conversa sensata
dilui-se como aluvião em correnteza à cascata
não quero mais ter momentos ruins
apenas que você entenda meus afins
Não quero mais julgamentos precipitados
nem que fiquemos apartados
como já proposto através de votos
aos quais devemos ser devotos
que estejamos em plena comunhão
no romance de nossa união
para que feliz e duradouro seja
não breve como algo que se despeja
Então minha bela amada
me dá teu apoio, não seja mimada
lute comigo, pega teu escudo e espada
e vaguemos juntos por toda a madrugada
Onde seremos plenamente
felizes eternamente.
My Love Is Like A Red Red Rose
0, my luve is like a red, red rose,
that's newly sprung in June.
0, my love is like a melodie,
that's sweetly play'd in tune.
As fair thou art, my bonnie lass,
so deep in luve am I,
And I will luve thee still, my dear,
till a' the seas gang dry.
Till a' the seas gang dry, my dear,
and the rocks melt wi' the sun!
And I will luve thee still, my dear,
while the sands of life shall run.
And fare the weel, my only luve!
And fare the well awhile!
And I will come again, my love.
Tho it were ten thousand mile!
Uma rosa vermelha, vermelha
O meu Amor é como uma rosa vermelha, vermelha
Ele é realsado em junho:
O meu Amor é como a melodia,
Ele é docemente tocado em sintonia.
Como tu és justa, minha moça bonita,
Tão profundo no amor eu sou;
E eu vou te amar ainda, minha cara,
Até que muitos mares se sequem.
Até uma seca de muitos mares, minha cara,
E as rochas derreterem com o sol;
E eu vou te amar ainda, minha cara,
Enquanto as areias da vida passarem.
E farei de ti meu único amor!
E farei de ti o meu tempo!
E eu virei outra vez, meu Amor,
Além de 10.000 milhas!
Robert Burns também conhecido como Rabbie Burns foi um poeta Escocês (Alloway Ayrshire, 25 de Janeiro de 1759 - Dumfries, 21 de Julho de 1796). Burns escreveu poemas que prefiguram o romantismo e comédia. Cheias de simplicidade e espontaneidade, as poesias escritas em escocês tinham como tema sua aldeia, a natureza e seus amores.
that's newly sprung in June.
0, my love is like a melodie,
that's sweetly play'd in tune.
As fair thou art, my bonnie lass,
so deep in luve am I,
And I will luve thee still, my dear,
till a' the seas gang dry.
Till a' the seas gang dry, my dear,
and the rocks melt wi' the sun!
And I will luve thee still, my dear,
while the sands of life shall run.
And fare the weel, my only luve!
And fare the well awhile!
And I will come again, my love.
Tho it were ten thousand mile!
Uma rosa vermelha, vermelha
O meu Amor é como uma rosa vermelha, vermelha
Ele é realsado em junho:
O meu Amor é como a melodia,
Ele é docemente tocado em sintonia.
Como tu és justa, minha moça bonita,
Tão profundo no amor eu sou;
E eu vou te amar ainda, minha cara,
Até que muitos mares se sequem.
Até uma seca de muitos mares, minha cara,
E as rochas derreterem com o sol;
E eu vou te amar ainda, minha cara,
Enquanto as areias da vida passarem.
E farei de ti meu único amor!
E farei de ti o meu tempo!
E eu virei outra vez, meu Amor,
Além de 10.000 milhas!
Robert Burns também conhecido como Rabbie Burns foi um poeta Escocês (Alloway Ayrshire, 25 de Janeiro de 1759 - Dumfries, 21 de Julho de 1796). Burns escreveu poemas que prefiguram o romantismo e comédia. Cheias de simplicidade e espontaneidade, as poesias escritas em escocês tinham como tema sua aldeia, a natureza e seus amores.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
As Ondas
Olavo Bilac
Entre as trêmulas mornas ardentias,
A noite no alto-mar anima as ondas.
Sobem das fundas úmidas Golcondas,
Pérolas vivas, as nereidas frias:
Entrelaçam-se, correm fugidias,
Voltam, cruzando-se; e, em lascivas rondas,
Vestem as formas alvas e redondas
De algas roxas e glaucas pedrarias.
Coxas de vago ônix, ventres polidos
De alabastro, quadris de argêntea espuma,
Seios de dúbia opala ardem na treva;
E bocas verdes, cheias de gemidos,
Que o fósforo incendeia e o âmbar perfuma,
Soluçam beijos vãos que o vento leva...
Entre as trêmulas mornas ardentias,
A noite no alto-mar anima as ondas.
Sobem das fundas úmidas Golcondas,
Pérolas vivas, as nereidas frias:
Entrelaçam-se, correm fugidias,
Voltam, cruzando-se; e, em lascivas rondas,
Vestem as formas alvas e redondas
De algas roxas e glaucas pedrarias.
Coxas de vago ônix, ventres polidos
De alabastro, quadris de argêntea espuma,
Seios de dúbia opala ardem na treva;
E bocas verdes, cheias de gemidos,
Que o fósforo incendeia e o âmbar perfuma,
Soluçam beijos vãos que o vento leva...
domingo, 12 de agosto de 2012
The Moment
Margaret Atwood
The moment when, after many years
of hard work and a long voyage
you stand in the centre of your room,
house, half-acre, square mile, island, country,
knowing at last how you got there,
and say, I own this,
is the same moment when the trees unloose
their soft arms from around you,
the birds take back their language,
the cliffs fissure and collapse,
the air moves back from you like a wave
and you can’t breathe.
No, they whisper. You own nothing.
You were a visitor, time after time
climbing the hill, planting the flag, proclaiming.
We never belonged to you. You never found us.
It was always the other way round.
O Momento
O momento quando, após muitos anos
de trabalho duro e uma longa travessia
te encontras no centro do teu quarto,
casa, meio acre, milha quadrada, ilha, país
sabendo por fim como lá chegaste,
e dizes, eu possuo isto,
é o mesmo momento em que as árvores desatam
os seus macios braços em teu redor,
as aves retiram a sua língua,
as falésias fissuram e colapsam,
o ar vem devolvido de ti como uma onda
e tu não consegues respirar.
Não, murmuram eles. Tu não possuis nada.
Tu foste um visitante, uma e outra vez
subindo a colina, cravando a bandeira, proclamando.
Nós nunca te pertencemos.
Tu nunca nos encontraste.
Foi sempre o contrário.
The moment when, after many years
of hard work and a long voyage
you stand in the centre of your room,
house, half-acre, square mile, island, country,
knowing at last how you got there,
and say, I own this,
is the same moment when the trees unloose
their soft arms from around you,
the birds take back their language,
the cliffs fissure and collapse,
the air moves back from you like a wave
and you can’t breathe.
No, they whisper. You own nothing.
You were a visitor, time after time
climbing the hill, planting the flag, proclaiming.
We never belonged to you. You never found us.
It was always the other way round.
O Momento
O momento quando, após muitos anos
de trabalho duro e uma longa travessia
te encontras no centro do teu quarto,
casa, meio acre, milha quadrada, ilha, país
sabendo por fim como lá chegaste,
e dizes, eu possuo isto,
é o mesmo momento em que as árvores desatam
os seus macios braços em teu redor,
as aves retiram a sua língua,
as falésias fissuram e colapsam,
o ar vem devolvido de ti como uma onda
e tu não consegues respirar.
Não, murmuram eles. Tu não possuis nada.
Tu foste um visitante, uma e outra vez
subindo a colina, cravando a bandeira, proclamando.
Nós nunca te pertencemos.
Tu nunca nos encontraste.
Foi sempre o contrário.
sábado, 11 de agosto de 2012
A Dream Within A Dream
Take this kiss upon the brow!
And, in parting from you now,
Thus much let me avow-
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away
In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.
I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand-
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep- while I weep!
O God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
O God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?
Edgar Allan Poe
Um sonho num sonho
Este beijo em tua fronte deponho!
Vou partir. E bem pode, quem parte,
francamente aqui vir confessar-te
que bastante razão tinhas, quando
comparaste meus dias a um sonho.
Se a esperança se vai, esvoaçando,
que me importa se é noite ou se é dia...
ente real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria.
O que vejo, o que sou e suponho
não é mais do que um sonho num sonho.
Fico em meio ao clamor, que se alteia
de uma praia, que a vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura
com bem força, que é de ouro essa areia.
São tão poucos! Mas, fogem-me, pelos
dedos, para a profunda água escura.
Os meus olhos se inundam de pranto.
Oh! meu Deus! E não posso retê-los,
se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar
um ao menos da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho
será apenas um sonho num sonho?
And, in parting from you now,
Thus much let me avow-
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away
In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.
I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand-
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep- while I weep!
O God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
O God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?
Edgar Allan Poe
Um sonho num sonho
Este beijo em tua fronte deponho!
Vou partir. E bem pode, quem parte,
francamente aqui vir confessar-te
que bastante razão tinhas, quando
comparaste meus dias a um sonho.
Se a esperança se vai, esvoaçando,
que me importa se é noite ou se é dia...
ente real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria.
O que vejo, o que sou e suponho
não é mais do que um sonho num sonho.
Fico em meio ao clamor, que se alteia
de uma praia, que a vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura
com bem força, que é de ouro essa areia.
São tão poucos! Mas, fogem-me, pelos
dedos, para a profunda água escura.
Os meus olhos se inundam de pranto.
Oh! meu Deus! E não posso retê-los,
se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar
um ao menos da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho
será apenas um sonho num sonho?
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
UM LEMA
YURI HÍCARO
Vamos,
qual a sua posição?
Reflita,
conjugue o verbo,
aperte o botão...
A minha?
Legaliza a opção
na democracia,
sem intervenção da polícia,
e toda liberdade de expressão!
A minha,
quebra barreiras
e tabus...
Todo dia,
tolerando hipocresia
dentro de casa e na padaria;
o álcool sobra, o álcool mata!
A minha?
É contra
toda forma de tirania
e a programada alienação pela
mídia, da nossa burguesia...
E você?
Pense, reflita...
Não temos educação,
o trabalho custa caro;
e de quebra,
por causa de um mero baseado,
polícia prende estudante universitário...
A minha,
é a vanguarda
sob o tradicional,
o novo,
beijando a face
da impermanência universal!
Vamos,
qual a sua posição?
Reflita,
conjugue o verbo,
aperte o botão...
A minha?
Legaliza a opção
na democracia,
sem intervenção da polícia,
e toda liberdade de expressão!
A minha,
quebra barreiras
e tabus...
Todo dia,
tolerando hipocresia
dentro de casa e na padaria;
o álcool sobra, o álcool mata!
A minha?
É contra
toda forma de tirania
e a programada alienação pela
mídia, da nossa burguesia...
E você?
Pense, reflita...
Não temos educação,
o trabalho custa caro;
e de quebra,
por causa de um mero baseado,
polícia prende estudante universitário...
A minha,
é a vanguarda
sob o tradicional,
o novo,
beijando a face
da impermanência universal!
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
Indústria do medo
Erick Silva
Eu sou o indivíduo, aquele que chora
de que se explora
Eu sou o indivíduo, padrão...
todo o povão
Eu sou o indivíduo da moral
que te julga marginal
Eu sou o indivíduo que acompanha
com ar fúnebre que me ganha
A política tradicional
alienando a massa em campanha
Eu sou o indivíduo, aquele que chora
de que se explora
Eu sou o indivíduo, padrão...
todo o povão
Eu sou o indivíduo da moral
que te julga marginal
Eu sou o indivíduo que acompanha
com ar fúnebre que me ganha
A política tradicional
alienando a massa em campanha
sábado, 4 de agosto de 2012
Laço de Fita
Castro Alves
Não sabes crianças? 'Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.
E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh'alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!
Meu Deus! As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.
Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N'alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.
Não sabes crianças? 'Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu'enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita.
E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh'alma se embate, se irrita...
O braço, que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita!
Meu Deus! As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita.
Há pouco voavas na célere valsa,
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita.
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N'alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso
No laço de fita.
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c'roa...
Teu laço de fita.
Aprendendo o ABC
Assim teria sido se tivesse acontecido?
O sangue escorrendo num corte do vidro?
A enganosa mancha da mudança
Falsa esperança
Que o corte sarará e a paz reinará
No vidro estilhaçado
Teu sangue impresso,
Marcado.
A dor lancinante que não prova seu valor
De muitos cortes que o rubro sangue não mostra sua cor
Entrecortada na paisagem a cada esquina
É pena ver tantos! Presos com a mesma sina.
E o diabo louco que vos pôs a cortar
Continua solto rindo em seu altar
E assim o vidro que no começo manchou o chão de sangue
Continua a cortar.
terça-feira, 31 de julho de 2012
O plano do malandro
A tática é
Fica na tua jacaré
Quando a vitima chegar
Abra bem a boca para abocanhar
A tática é
Fica na tua mané
Malandro velho tem boca mole
Mas nem todo bagulho engole
A tática é
Ficar esperto e na hora riscar o pé
Não fica de onda a toa
Se não zé, a patroa voa
A tática é
ficar ligado e fugir de mulé
Na hora certa dar a ferroada
E fingir que não foi nada
Erick Silva
Fica na tua jacaré
Quando a vitima chegar
Abra bem a boca para abocanhar
A tática é
Fica na tua mané
Malandro velho tem boca mole
Mas nem todo bagulho engole
A tática é
Ficar esperto e na hora riscar o pé
Não fica de onda a toa
Se não zé, a patroa voa
A tática é
ficar ligado e fugir de mulé
Na hora certa dar a ferroada
E fingir que não foi nada
Erick Silva
A carnificina das Bestas
Escuridão untada em silencio profundo,
entre os corpos tugidos descansa o imaterial...
E na lacuna vertical do veio sangrento
Untado está o rugido no peito do leão sarnento.
Já na carne o cerne de tua repugnância
Comprimido entre os gumes da justiça
Leitoso escorre o caldo da arrogância
E na balança bem pago o pudor
Se já não basta que tua boca leprosa me beije os pés
Terei prazer latente enquanto me olhar de viés
E meu lodoso pântano já não terá mais vermes
Porque tua casa está vazia?
A sombra que outrora o silencio comia fura o peito do leão
A dama que segura a balança já não balança
E sua meretrícia dança já não enlouquece pelo que vem da mão
Erick Silva
entre os corpos tugidos descansa o imaterial...
E na lacuna vertical do veio sangrento
Untado está o rugido no peito do leão sarnento.
Já na carne o cerne de tua repugnância
Comprimido entre os gumes da justiça
Leitoso escorre o caldo da arrogância
E na balança bem pago o pudor
Se já não basta que tua boca leprosa me beije os pés
Terei prazer latente enquanto me olhar de viés
E meu lodoso pântano já não terá mais vermes
Porque tua casa está vazia?
A sombra que outrora o silencio comia fura o peito do leão
A dama que segura a balança já não balança
E sua meretrícia dança já não enlouquece pelo que vem da mão
Erick Silva
Como um romance de Shakespeare
De que modo vil e fatal
se apossa de mim tal desejo carnal
E por um coração atado e retardado
que jaz cativo como um pássaro engaiolado
Aflito e desesperado se fez nascer um magnífico sentimento
que afoga-me como um pântano profundo e lamacento
Por desejar e ver sem tocar
teu sorriso e olhar
deveria por isso esfaquear como Julieta o coração
por querer e não poder por um minuto te amar?
Erick Silva
se apossa de mim tal desejo carnal
E por um coração atado e retardado
que jaz cativo como um pássaro engaiolado
Aflito e desesperado se fez nascer um magnífico sentimento
que afoga-me como um pântano profundo e lamacento
Por desejar e ver sem tocar
teu sorriso e olhar
deveria por isso esfaquear como Julieta o coração
por querer e não poder por um minuto te amar?
Erick Silva
domingo, 29 de julho de 2012
Carnaval das Rodas
Que pena ver tantas rodas rodando.
Rodas essas engrenagens, vivas.
Em seu interior tudo é nada, libras.¹
Deviam parar, frear gritando.
O asfalto agora sua borracha está dilacerando.
O calor do atrito faz camadas de arames pungidas.
Mesmo às tiras, nas vias caídas,
Todas em fila continuam rodando.
Oh rodas sois ou não vivas?
Rodas, melhor que fossem capas!
Só assim muito bem seriam preenchidas.
Segue o carnaval das rodas pelas chapas.
Com bandeirolas e crachás, rodas compelidas.
Saiam dos eixos, tornem-se capas!
Erick Silva
1. unidade de medida de ar:Psi (pound force per square inch) ou libra força por polegada quadrada.
Rodas essas engrenagens, vivas.
Em seu interior tudo é nada, libras.¹
Deviam parar, frear gritando.
O asfalto agora sua borracha está dilacerando.
O calor do atrito faz camadas de arames pungidas.
Mesmo às tiras, nas vias caídas,
Todas em fila continuam rodando.
Oh rodas sois ou não vivas?
Rodas, melhor que fossem capas!
Só assim muito bem seriam preenchidas.
Segue o carnaval das rodas pelas chapas.
Com bandeirolas e crachás, rodas compelidas.
Saiam dos eixos, tornem-se capas!
Erick Silva
1. unidade de medida de ar:Psi (pound force per square inch) ou libra força por polegada quadrada.
sábado, 21 de julho de 2012
The out way
I just want
to say when and if i find my way
That is all
for today, did do i a pray?
All for me,
you and they
I look in
the mirror and see where is my way
Nothing
could be worst
Why can't i
be the first?
Let's do
that gonna work
I can’t look
back to be a fool
No one will
stomp my skull
In my way i
will mold my soul
Erick Silva
sexta-feira, 20 de julho de 2012
P A L A V R Ã O
A falta de decoro é um coro
Agudo estridente, indecente...
Agouro rouco de um demente
Arte a qual sou calouro
Rudeza, pra alguns beleza
Repudio fremente com frieza
O indelicado com terrível natureza
Pois assim vá a merda delicadamente
Para que não me achem diferente
E para esse(s) apenas digo: FRANCAMENTE!
Erick Silva
Agudo estridente, indecente...
Agouro rouco de um demente
Arte a qual sou calouro
Rudeza, pra alguns beleza
Repudio fremente com frieza
O indelicado com terrível natureza
Pois assim vá a merda delicadamente
Para que não me achem diferente
E para esse(s) apenas digo: FRANCAMENTE!
Erick Silva
Ponderando o Sal
Temo por um
tempo um pensar tenso, pois penso “penso”.
Mau aceito
um mal feito malfazejo de desejo quando o vejo,
Ao chegar
ponho-me logo a entrar e não desisto de tentar,
Pois sou “penso”,
torto, brinquedo do desejo de tanto amar...
Dou-te na
mão como um quente pão de graça meu coração.
De brigas em
brigas se erguem as vigas e grudam as ligas...
Pondo os
pontos a fim que os contos não caiam pelos cantos
E canto
baixinho pelos cantos quantos são os seus encantos.
Hei de ver e
de verte tanto quanto viver mesmo querendo morrer?
Que quando
sim e quando não e como as ondas vêm e vão,
Um bem me
quer e mal em quer de todo dia, uma grade poesia
Onde dança a
nuança e mesmo com mudanças seja minha alegria.
Erick Silva
Erick Silva
segunda-feira, 16 de julho de 2012
Das Blut fließt und fließt mit dem Leben
Als Flüsse unauflöslichen, unauslöschlichen
In menschlichem Elend Scham läuft, Gesellschaft
In einer perfekten Welt keine Grenzen gesetzt Krieg
Denn das Leben ist kein Leben? am Leben?
Ich will, Blut zu vergießen, um meine Leistung zu loben
Ich möchte Elend, Hunger und Zwietracht ...
Ich bin der Dämon über Ihre bisher
Wunsch derer, die wollen ...
Ich bin Ihre Regierung und Regierungspartei
Ich bin dein größter Wunsch
aber wer ich wirklich bin?
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Um desejo e a controvérsia
Quem come carne todo dia
estranha quando vê ovo no prato.
Pensa: porque não um
acordo, mas um contrato?
É quase sempre bom, às
vezes fico farto...
É, às vezes é estranho, mas
é bom ter um ovo no prato!
Erick Silva
estranha quando vê ovo no prato.
Pensa: porque não um
acordo, mas um contrato?
É quase sempre bom, às
vezes fico farto...
É, às vezes é estranho, mas
é bom ter um ovo no prato!
Erick Silva
domingo, 8 de julho de 2012
GATO
O gato e a cerca...
A meia noite...
O canto...
O miado...
A bota...
O gato está morto.
Erick Silva
A meia noite...
O canto...
O miado...
A bota...
O gato está morto.
Erick Silva
sexta-feira, 23 de março de 2012
O Cisne e a Bailarina
De pele
macia, suave e delicada
Dançando
pela noite enluarada
Dando ao ar
a graça onde voava
E ao passar
plumas caídas deixava
Um giro
rápido olhando para o lado
Esguio e
bonito seu pescoço alongado
Seus braços
em arco curvados...
Em sua base
dedos sofridos, calejados
Pois na
brisa seu voo não se abala
Com força e
estética o som lhe embala
Com a lua
sua pele brilha, cintila
Em seu lago
se reflete seu traço
Sua força
desenvolve maravilhoso cada passo
Na fraca luz
a bruxulear, seu baile secreto
Um som
inexistente nos ouvidos, incerto
Depois do
ato fecha-se a cortina
E parte
charmoso sobre a colina
O branco
cisne da ballerina
Erick Silva
terça-feira, 6 de março de 2012
O doce veneno do bicho
Sou bicho,
bicho do mato, e bicho venenoso,
Escondo
minhas pérfidas garras de veneno na luz de um menino
As damas eu
espreito almejando faze-las verter em seu caldo caudaloso
E com toda
inocência chego devagar instilando meu veneno doce e libertino
Sobre o
veneno que tenho há um fato curioso!
Como digo,
sou bicho, bicho venenoso.
E o veneno que
há em mim guardado é de fato tenebroso.
Veio-me a
perceber que ao fazê-las verter o veneno é fabuloso.
Transpõe os
sentidos chegando à libido calmo e silencioso.
Trazendo a
tona o que desde outrora já lhes era desejoso.
E eu como o
bicho, o bicho do veneno, o bicho venenoso!
Armo-me de
aparência sibilando algo suave e libidinoso
Em tua face
púbica deixo-me cair e os dedos passear em teu segredo juncoso
Oh!
Deleitar-vos-á de todo meu veneno sucoso
E macula se
perdera em seu ímpeto de desejo voluptuoso
Mataras o
bicho, o bicho do veneno, bicho mortal e venenoso
Pois a flor que guardavas era também algo
venenoso
Erick silva
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Versos Íntimos
Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Devassa
A beleza da praga, a tarde devassa.
Institui-se o veneno lânguido, pavoroso,
Instila-se liso e depressa.
Desde quando amar é tão doloroso?
Doravante nem mais que eu te sinta
E como teu vassalo seja eu por ti infligido.
De teu coração desejo a verdade por mais que me minta,
Mas de tuas palavras vejo a mesma ruindo.
Lembro-me das promessas feitas,
Lembro-me das malas arrumadas,
Lembro-me das metades perfeitas,
Lembro-me também das vidas arruinadas.
E que pensar de um fim sem ponto final?
Não há nada que se pensar...
Não foi um adeus, mas apenas um tchau.
Não há nada que fazer além de esperar...
Institui-se o veneno lânguido, pavoroso,
Instila-se liso e depressa.
Desde quando amar é tão doloroso?
Doravante nem mais que eu te sinta
E como teu vassalo seja eu por ti infligido.
De teu coração desejo a verdade por mais que me minta,
Mas de tuas palavras vejo a mesma ruindo.
Lembro-me das promessas feitas,
Lembro-me das malas arrumadas,
Lembro-me das metades perfeitas,
Lembro-me também das vidas arruinadas.
E que pensar de um fim sem ponto final?
Não há nada que se pensar...
Não foi um adeus, mas apenas um tchau.
Não há nada que fazer além de esperar...
Erick Silva