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sexta-feira, 16 de outubro de 2015

tranque-me no quarto sem cantos
empurre-me e te darei prantos
e serei escravo fora das grades
meus grilhões cerram no crepúsculo
usarão minha força em cada músculo
somente a luz rosada no fim das tardes
é refugio para as almas ressequidas
como esta, todas perseguidas
recluso em si, penetrardes
repete-se no corredor do quarto
ante toda tristeza, iludido, harto
traz a morte como todos os covardes

sábado, 26 de setembro de 2015

E esse ser
de nada feito
quase perfeito
só quer aparecer

Parece ser -
com todo efeito
que esse defeito -
vai perecer

Mas há de ser
mais um conceito
já foi desfeito
antes de acontecer

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Eu gosto do mal gosto
Eu gosto do deboche
eu gosto do que dói
do que fira
o que destrói
não gosto que me toque
não gosto que me foque
com sua lente de retina
filtrando a luz
refletida em minha melanina
Agora vá embora
Vá embora agora

Me deixe sem demora
de partir a qualquer hora
me livre bom gosto
da masmorra do desgosto
Antes que o teu gosto
me devore e vá embora

e.s.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Como duas almas tão...

distantes
se conhecem tão bem?
e veem no outro seu espelho
o oposto igual, apenas invertido
olhares de silêncios tensos,agudos

tão ingenuo... o reflexo engana
devotos sejam, do esplendor que emana
tão real é a ilusão
o corpo cria o que é desejo
e antes de morrer coeso
se mostra ele ser inalterado

                  ***

e nus ficamos e eu mais
ficando aos poucos pra trás
mostrei-me, fiz-me carne

                  ***
tão nebulosos pensamentos...
sugira da nudez vergonha,
uma mancha em lençóis invisíveis,
nodoa no reflexo sem penumbra,
coloca a alma em pranto
juntando pedaços irascíveis

nasce um novo elo inquebrável
quebrar o espelho inescrutável
lado-a-lado à própria imagem...
tão inversa, tão real
que bebe do tempo a verdade
e apenas se repete por vaidade.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

eis que o papel dobrado detesta a caneta
relutante abre-se para que o fluido o manche
A caneta sedenta instila-se em seta
para que o fino papel as dobras desmanche

tolo papel, findo o ato
assinado está em contrato
consolida poder à tinta que lhe atravessa
e deitado permanece, disposto em sua travessa

bem servida a ponta, sempre cheia de tinta
esbanja-se consumindo do papel todo o espaço
o papel conhece a idade, mas antes que sinta
do que fora é agora apenas um pedaço

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Dialoguês
Dicionário

Cornetar: neo. ver. Sig: reclamar; protestar;
reivindicar; ex:

"Eu quero fazer silêncio
Um silêncio tão doente
Do vizinho 'cornetar'
E chamar polícia e médico
E o síndico do meu tédio
Pedindo pra eu cantar"

Fco. Buarque de Hollanda

Gíria usada nas ondas da internet
Xadrez Verbal
https://www.youtube.com/watch?v=QcyfQML7HIE

                                                                  Erick Silva

sábado, 21 de março de 2015

segunda-feira, 16 de março de 2015

Não somos o futuro...
Minto!
Somos o passado repetido
Fragmentos esparsados
Brincando de ser - sinto
o futuro que se houvera ser...

Somos o futuro... digo...
de que, futuro?
hei eu de ser você senão agora?
se não, me diga quando chegar...
quando chegar a hora.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

sou eu
sem nome
sem rumo
com fome

eu nu
eu só

meu céu
meu ar
mar meu
nada

do pó
ao pó

terra há
há nada
nem ar
enfim
fim

j. e. silva

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

um, dois...
                        três
Mergulhei, nem vi se era fundo
mergulhei, era mundo...
de quem?
não sei
tive uma confirmação vaga e absurda

e o que tinha no meio?
não sei, me pareceu um jogo
detesto ganhar quando me deixam
mas ganhou?
não sei!

continuo nadando
faz bem, quem sabe ganha
se tiver o que ganhar!

pois se já mergulhou e é jogo,
há de haver o que ganhar!

quem sabe
quem sabe vida?
quem sabe mar?