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domingo, 4 de novembro de 2012

Lamentos da Alma


Nada estava perfeito, nem mesmo as estrelas sustentadas pelas plumas dos querubins, nem mesmo a lua cintilante que resplandecia por sobre o monte, nada estava no lugar, nem deveria estar... Sob meus pés as folhas secas estalavam ruidosamente enquanto meu corpo principia a queda. As lágrimas; o grito; A saudade: do abraço, do beijo. Já louco de desejo. Nunca meus demônios pareceram tão gentis, tão afáveis, tão febris que meu amargo virou doce e de minha boca todas as belas e pequenas aves vinham beber... Meu peito inflado fulgurava um coração cheio de brilho que batia desequilibrado: um relógio, um pêndulo descompassado. O farfalhar de meus pensamentos, sensíveis, doídos, psicodélicos giravam em torno de mim tão claramente que eu podia vê-los falar comigo num turbilhão de lamentos descontentes, muitas aves com seu bico ainda melado da seiva doce que lhes dei tentavam me salvar, o que elas não sabiam é que era ali que eu queria estar, a borda do abismo suplica minha companhia, e ele deseja que conversemos, eu o ofereço minhas dores, e ele a mim sua profundidade... Para que não me perca no desejo de cair, nessa conversa me preservo, e dele escondo os desejos de meu coração, me afasto e olho novamente as estrelas, percebo mais uma vez que nada está perfeito, nem deveria estar, não se eu não te encontrar.

Erick Silva

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